sábado, 2 de julho de 2011

Carência que nos transforma em dependentes afetivos

Por que é tão difícil permanecer em nossa companhia? Estar sozinho parece na maioria das vezes sinônimo de depressão e fracasso. Toda vez que uma pessoa diz que está em casa sozinha, ainda mais se for num sábado a noite, surge no ar um questionamento em relação a suas relações afetivas. Será que não sou um bom amigo? Por que não estou namorando com alguém? Por que a pessoa que eu estava não me quer mais? Por que fui traído, não mereço tal sofrimento. Um pesadelo de pensamentos nos invade a mente e caímos numa das piores armadilhas do ego: a rejeição.
E quem nos rejeita? Os outros, parentes ou amigos? Os amantes que não correspondem nosso chamado? Afinal quem nos abandona e não suporta nossa própria companhia? Pois é, temos que admitir que somos nós mesmos. Afinal se nos amassemos por completo qual seria o problema ficar em nossa companhia? É um prazer estar no momento presente com a pessoa mais importante desse mundo, aquela que nos faz seguir em frente e acordar todas as manhãs, que nos alimenta, que transmite nossos pensamentos ao mundo através das palavras que surgem pela nossa boca, que toca o mundo e sente todas as estruturas através do tato, que caminha em direção ao futuro passo a passo dia após dia, que respira o ar as vezes pouco as vezes muito sem perder o fôlego da ânsia de viver.
Viver hoje se tornou sinônimo de correr atrás. Correr atrás do que? Não temos consciência, mas procuramos uma verdade para ar sentido as nossas vidas. Buscamos a nós mesmos, encontrar quem somos é tarefa árdua e por isso fugimos da responsabilidade.  Estar só nos coloca em contato com nossa presença sem interferência externa, nos faz perceber o grau de evolução que chegamos, o quanto estamos atrasados na caminhada em direção a luz que abrirá nossos olhos e irá nos despertar do sono e iremos ver esse mundo de ilusões em que passamos despercebidos todos nossos minutos e segundos sem notar o quanto somos dominados pelo sistema e não vivemos de acordo com nossa natureza divina.
Toda vez que paro para refletir sobre minha vida, os fatos e mudanças repentinas que surgem a cada momento, creio que gostaria de continuar sempre do mesmo jeito, pois a segurança é mais confortável e o sofrimento sempre nos traz seqüelas, cicatrizes na alma que limitam e criam novas convicções transformando nossa essência inocente e infantil cada vez mais dura e inflexível. A criança que existe dentro de nós vai perdendo seu humor, sua vitalidade, seu brilho, a dor é tamanha e nos transforma em seres racionais, medrosos e inseguros.
Há mudanças boas é claro, mas quando se segue algo que consideramos ruim, sempre prevalece a dor, pois obviamente sentimos muito mais pela fragilidade de nosso ser.
É preciso respirar fundo e ouvir a voz do coração que é a verdade silenciosa habitando dentro de nós esperando por uma oportunidade em ser usada para nosso bem, para nosso crescimento como essência. Há muito mais que um corpo, há muito mais que pensamentos compulsivos e destrutivos. Buscar essa verdade faz parte de nós, estarmos sozinho também faz. Olhe para dentro e encontre as respostas que precisa, não tenha medo, é o único lugar que poderá encontrar, assuma os riscos e acorde para a vida.

Alessandra França

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