terça-feira, 6 de maio de 2014

Autoconhecimento

Quem sou eu?


Pare e faça essa pergunta pra si mesmo... Quem sou eu?
Muito provavelmente as respostas que virão correspondem aos papéis que você têm na vida: profissão, posição familiar, adjetivos, posição financeira, etc. mas sinto lhe dizer, nada disso É VOCÊ.
Tudo isso faz parte de seu ego, mas não é verdadeiramente você!
Normalmente buscamos o autoconhecimento apenas depois de ter sofrido bastante, de termos colecionado doenças, de termos falido materialmente, profissionalmente, emocionalmente, espiritualmente. Somente quando ficamos perdidos, desesperados, sem perspectivas de vida, desanimados, tomados de um pessimismo extremo é que nos dirigimos à senda da busca do retorno a nós mesmos. E este pessimismo ocorre depois de várias tentativas frustradas na aquisição de nossos objetivos. Quando percebemos que tudo aquilo que fizemos foi em vão, e nos vemos insatisfeitos, presos num conflito porque nosso direcionamento é para frente, mas algo nos segura, nos arrasta para trás, que é justamente a parte obscura, que não conhecemos que existe dentro de cada um de nós e que precisa vir à luz, tornar consciente.

Essa parte é a nossa sombra, são os preconceitos, crenças que não servem mais. Refletindo sobre elas hoje, percebemos que não há mais sentido em utilizá-las. Muitos desses preconceitos são criados quando somos bebês, assim não é algo aprendido ou gravado por intermédio da linguagem, mas pela sensação e emoção, por isso não temos acesso consciente. Por exemplo, um bebê que é repreendido pelo fato de estar chupando o dedo, mais tarde poderá se repreender de maneira irrefletida e sentir desgosto consigo mesmo; no futuro, quando tiver seus filhos, poderá sentir repulsa ao ver seu filho chupando dedo, e reagir de forma irracional, repreendendo a criança exageradamente. Normalmente os pais que batem ou espancam os filhos estão repetindo aquilo que seus próprios pais fizeram, esta é uma repetição automática, não pensada, e às vezes os pais até planejam educar diferentemente seus filhos, e quando vêem estão fazendo o oposto a que se propuseram, sentem culpa, mas não conseguem evitar e agir diferente. Para quebrar esta cadeia é preciso tornar consciente a causa original do comportamento, compreendendo e elaborando a experiência para o momento atual.

Mas só procuramos o autoconhecimento depois que todo o resto falhou, isso quando procuramos! Muitos nascem e morrem sem conhecer-se. Presos nas próprias armadilhas, às vezes passam por várias cirurgias, por exemplo, para curar-se, mas estão presos ao processo inverso, não é extirpando um órgão que resolvemos o conflito instalado. Não estou dizendo que é errado fazer a cirurgia, pois se não foi possível resolver a nível psíquico, claro que não será possível viver precariamente com um que funciona de forma deficiente. Mas ressalto a importância da prevenção, ou mesmo de observação constante, para que já no início dos sintomas e desequilíbrios partamos para a solução verdadeira, mesmo que passando por uma cirurgia, precisamos iniciar uma investigação da causa da doença.

Há algum tempo atrás eu também era assim, só acreditava nas coisas que podia testar com meus cinco limitados sentidos. Não acreditava no trabalho do psicólogo, não percebia os mistérios da natureza, para mim tudo no mundo era muito estanque, fechado, tudo tinha um fim em si mesmo, não acreditava que as doenças orgânicas eram causadas por conflitos que se iniciavam no nosso aparelho mental. Achava impossível que meu coração tivesse uma taquicardia pelo meu próprio comando, de forma inconsciente. Preocupava-me com as doenças que tinha, e era uma ofensa se alguém me dissesse que as produzi, ficaria indignada, passava por consultas, andava de médico em médico, achando que seria dessa forma que poderia restabelecer minha saúde, até perceber sua ineficácia, as limitações da medicina. A vida foi me chicoteando até que percebi a existência dos mistérios entre o céu e a terra, que na verdade não são mistérios, mas fazem parte de nosso universo e como Jesus, disse: quem tiver ouvidos que ouça, quem tiver olhos que veja. A evolução da medicina não substitui a cura pelo espírito, não alcançaremos a paz através da cura externa. O meio de cura empregado pela medicina ortodoxa não revela ao homem sua própria alma. Mesmo que alcancemos a saúde, o sucesso nas finanças, mesmo estando cercado pela família, mesmo tendo um relacionamento estável, sempre sentiremos um vazio, nos sentiremos solitários ao nos recolhermos. Assim por mais que busquemos preencher este vazio, ainda estaremos insatisfeitos, enquanto não nos encontrarmos e não sentirmos a centelha divina que há em nós.

A nossa transformação depende de nossa entrega a Deus. A cura verdadeira é a conexão do espírito de Deus com o do homem, a comunhão interna com Deus, chegando neste estágio obtemos verdadeira paz, felicidade, liberdade, saúde, harmonia, e conseqüentemente a prosperidade e satisfação em todos os âmbitos de nossa vida. A partir do momento que atingimos essa comunhão podemos curar através de Deus, pois somos apenas um canal de cura. E nossa maior barreira, aquela que nos impede de olharmos os mistérios da vida é nosso mentalismo, intelectualismo, a visão fragmentária que temos da vida. Quando buscamos a razão e explicações lógicas para tudo nos afastamos da intuição, da espiritualidade. Porque não sermos apenas crianças, com sua pureza de alma, captando as mensagens da vida através do sentir, extraindo da realidade a essência pura de nossas experiências?


Percebam o quanto é difícil nos relacionarmos com pessoas que estão preocupadas apenas com a parte material da vida. Estão buscando apenas o ter, o fazer, e esquecem de SER. Por exemplo, o professor que se preocupa apenas em ensinar o conteúdo das disciplinas, e não tem um vínculo afetivo com os alunos, dificilmente ensinará de verdade. A criança terá uma dificuldade muito grande para assimilar os conteúdos passados de maneira fria, sem emoção, afeto, porque a criança é sábia, e ainda não foi anestesiada pela parte material da vida, e em contato com aulas ministradas mecanicamente, forma como que uma proteção, pois não é coerente com sua essência, e não aprende. Observo a dificuldade que os professores tem hoje para lecionar. Nas salas de aula são travadas verdadeiras batalhas, o aluno reage e protesta contra as aulas que não encontram eco em suas idéias e vivências; rebelam-se contra um estabelecimento instituído, onde não podem opinar, com indisciplina, com agressividade, com drogas ou com isolamento. Isso ocorre porque são subjugados em seus direitos de se expressarem verdadeiramente, que explodem por outras vias.

Isso acontece em casa também, porque muitos pais estão se esquivando da arte de educar, estão muito envolvidos em trabalhar para adquirir o sustento, passam por stress e toda sorte de carências que estamos sujeitos em nossa sociedade, e acabam por perder a paciência justamente com os filhos. Quando percebem já aconteceu uma explosão emocional, já bateram no filho, (se bater resolvesse uma palmada só bastaria, mas através do tapa não educamos, apenas teremos reações de retraimento, ou de agressividade, de hostilidade), ao bater os pais sentem culpa e acabam não sendo firmes o suficiente para impor regras e normas de condutas, não compreendem verdadeiramente o filho, e não os preenchem com todo o amor que sentem, pois no corre-corre da vida esquecem que precisam expressar este amor.

A criança se aproxima do pai com o desenho que fez na escola, quer lhe mostrar, e o pai está muito ocupado preocupado em ganhar dinheiro, responde que não tem tempo, que precisa ir trabalhar, ele vai até a mãe, tenta lhe mostrar, mas esta responde que agora não dá, pois está lavando as janelas. Uma criança precisa do apoio dos pais, do carinho, de atenção, é através do amor que desenvolvemos nossos filhos. Através de uma palavra amiga, de um abraço, um olhar, de compartilhar tristezas e alegrias. Experimente expressar amor quando seu filho está irritado, quando tem atitudes hostis, e observe sua reação, caso não mude imediatamente, não desista, até que este amor atinja seu coração e abrande toda forma destrutiva que lhe atinge, mas que não faz parte de sua essência. A criança tem necessidade de amor, afeto, aceitação incondicional, se houver pouco amor haverá descrença e insatisfação que no futuro a levará ao fracasso. Com amor ela adquire condições para se desabrochar e se realizar na vida futuramente. A teimosia, a agressividade, a mentira, a apatia, a rebeldia, o fracasso escolar, o roubo, o uso de drogas são reações cujas causas deve-se descobrir em vez de castigar ou desprezar a criança.


Para educar devemos conhecer os anseios, preferências, dificuldades e não ditar ordens irrevogáveis, pois se tornarão revoltados ou tímidos, mas conceder com limites, pois caso sejam sempre atendidos em seus desejos poderão se tornar dependentes, imaturos e não desenvolverem o autoconceito. Devemos incentivar as suas produções – brincadeiras, lições e trabalhos escolares, deixar que tomem decisões para que possam amadurecer. Evitar superproteger para não estimular a dependência, o medo de tudo, a mentalidade infantil. Estimulá-los  a serem solidários, ajudando e apoiando seus irmãos e amigos. Estimular pelo exemplo a generosidade, otimismo. Estimular para que ajudem nas tarefas do lar. Ser consistente e persistente ao impor regras, exatamente como fazem as crianças quando desejam algo. Participar da vida da escola.

Tem pais que deixam a educação  do filho sob a responsabilidade da escola, mas a personalidade é formada até os sete anos de idade e cabe aos pais esse trabalho, pois se a criança entra na escola sem um mínimo de estrutura de valores e regras de conduta, terá uma dificuldade enorme para se adaptar, como também a escola se encontrará com uma dupla tarefa. A escola tem como objetivo principal o processo de ensino e o desenvolvimento social, e torna-se difícil fazer também a parte que não foi realizada em tempo no seio da família, porque é melhor formar a criança do que corrigi-la mais tarde. Por exemplo, se a criança não aprendeu que precisa sentar-se para fazer uma atividade como comer, desenhar, etc, ao chegar na escola será mais difícil ensiná-la que precisa sentar-se para escrever, para ler, para ouvir o professor, e imaginem como fica uma sala onde vários alunos ainda não tenham aprendido isso e o tamanho da dificuldade para ensinar.

Nós passamos a existir verdadeiramente no relacionamento com o outro, no início com o pai e a mãe, e depois com a sociedade. Nesta relação desenvolve e revela-se nossa própria existência, por isso a necessidade de vivermos cada momento em interação absoluta com aqueles que estão à nossa volta, e principalmente as crianças, pois estão sendo formados para a vida. Porém os professores também são subjugados em seu direito de criar, pois os conteúdos, a avaliação, os prazos e leis são preestabelecidos, e eles se sentem restritos para renovar o ensino. Veja que neste século houve grandes pensadores que tiveram idéias perspicazes, existe um acervo enorme debatendo as novas maneiras para ensinar, porém nos livros já até se tornaram velhas, mas é praticada apenas por um pequeno número de escolas. Fala-se muito em construtivismo, porém fica apenas no nível da fala, não é colocado em prática, até porque para utiliza-lo é necessário o uso da abertura para criar. O construtivismo consiste em deixar que o aluno aprenda através da própria construção do conhecimento, resgatando através de estímulos tudo aquilo que na verdade já sabe. Mas para que isso ocorra é necessário um nível muito bom de abertura para ouvir o aluno, estabelecendo uma comunicação mais humana, para que esse processo ocorra de maneira totalmente livre, sem julgamentos. Para isso a criatividade deve ser estimulada, mas somos criativos apenas quando atingimos a liberdade de sermos simplesmente nós mesmos. Tenho observado professores que estão ainda incoerentes consigo mesmo. Todas as pessoas que trabalham com o ser humano devem passar por um processo que lhes favoreça o autoconhecimento, para ficarem livres de condicionamentos, que são formas estereotipadas de comportamento em resposta a determinadas situações, e derrubarem  barreiras consigo mesmo e na comunicação com os outros.



Gostaria que cada pessoa tomasse a resolução de conhecer-se, mas sei que não posso intervir ativamente na vida de ninguém, pois o rio corre sozinho, assim caminha a humanidade. Cada um seguindo seu próprio caminho de evolução, e com certeza, crescendo com ele. Mesmo estando agarrado ao materialismo concreto, mesmo sem dar-se conta da enorme gama de princípios que regem a vida e a morte. Mas cada um que lê esta matéria pode se observar e promover a sua mudança, o esforço é necessário, sem o trabalho dedicado não alcançamos os resultados que almejamos.

Sinta-se desafiado porque esse empreendimento exige grande esforço. E acredito plenamente que você é capaz, deixe fluir a energia da vida e perceba que é forte o suficiente para seguir cada passo em sua senda evolutiva, na sua medida, sem comparar-se aos outros, apenas através de seu emprenho. Tudo depende de nossa escolha, e esta escolha deve ser feita com sabedoria. Aquilo que você escolhe e acredita é exatamente aquilo que realiza. Este caminho nos leva a um entendimento profundo e nos liberta para a felicidade, libertando nos do ódio, da ignorância e de tudo que nos separa do Todo. O sucesso é atingido através de observação, curiosidade, pesquisa, desejo de realização, investigação, amor pela verdade, treinamento e prática. Que nenhum desses fatores sirva de impedimento à sua busca.  Faça o que realmente vale a pena em sua vida, percebendo quais são seus objetivos livre de distorções, fazendo um projeto de vida, traçando metas para cada dia, sempre disposto a realiza-las, usando o tempo que temos à disposição que é o momento presente. Aproveitando cada segundo, cada minuto, da nossa grande jornada da vida, em direção à nossa missão, que é ser feliz!

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